Onça-Pintada: Símbolo da Conservação e dos Grandes Biomas Brasileiros
A onça-pintada (Panthera onca) é um verdadeiro símbolo da natureza brasileira e uma das maiores protagonistas dos ecossistemas das Américas, especialmente no Pantanal, Cerrado e Amazônia. Esse fascinante felino exerce um papel fundamental na preservação do equilíbrio ambiental. Como predador de topo, ela regula as populações de outras espécies, ajudando a manter uma cadeia alimentar saudável e bem estruturada. Sua presença indica um ambiente preservado, pois ela depende de grandes áreas intocadas e de uma abundância de presas para sobreviver.
Com sua coloração amarelo-dourada e as icônicas rosetas, que são manchas únicas e que formam padrões exclusivos em cada indivíduo, a onça se camufla habilmente na vegetação. Suas rosetas, que têm pintas internas, distinguem a onça do leopardo, cujas rosetas são vazadas. Além de sua beleza, a onça impressiona pelo esturro: um som grave e vibrante que ecoa na floresta.
As onças variam em tamanho conforme o habitat. No Pantanal, onde há abundância de presas, os machos podem ultrapassar os 100 kg, enquanto na Caatinga, mais árida, a média de peso cai para cerca de 40 kg. Esses felinos são solitários e territorialistas, mas, no Pantanal, há relatos de indivíduos dividindo áreas ou mesmo carcaças. Elas encontram-se para o acasalamento, e as fêmeas podem dar à luz até quatro filhotes, que permanecem sob seus cuidados por cerca de dois anos.
A dieta da onça-pintada é extensa e inclui mais de 80 espécies, como capivaras, queixadas, tamanduás, jacarés e até tatus. Como predadora de topo, ela desempenha um papel vital na regulação das populações de suas presas, evitando uma "reação em cadeia" que poderia desestabilizar o ecossistema. A ausência de predadores de topo poderia permitir que predadores intermediários, como jaguatiricas e pequenos canídeos, aumentem em número, causando desequilíbrios na fauna.
Contudo, sua população enfrenta uma drástica redução, em parte devido ao comércio ilegal de peles no passado, à perda de habitat, ao conflito com fazendeiros, e aos frequentes atropelamentos. Atualmente, a espécie é classificada pela IUCN como “quase ameaçada”, com populações ainda em declínio.
Iniciativas como o projeto Onçafari estão na linha de frente da conservação da onça-pintada. O projeto é essencial para a conservação dessa espécie, combinando monitoramento, reintrodução e ecoturismo para preservar e conscientizar a sociedade sobre sua importância. Além de proteger esses felinos, o projeto fomenta o desenvolvimento socioeconômico sustentável nas comunidades locais, oferecendo oportunidades de emprego e educação ambiental.
O Onçafari também contribui para o manejo de áreas de preservação, realizando estudos científicos que revelam informações cruciais sobre o comportamento e as necessidades ecológicas das onças-pintadas. Esses dados são compartilhados com outras iniciativas de conservação e usados para desenvolver políticas públicas que promovem uma convivência equilibrada entre humanos e a fauna silvestre.
Em 2023, o Onçafari ampliou suas atividades de conservação e monitoramento da onça-pintada, especialmente no Pantanal. Uma das estratégias foi o ecoturismo sustentável, que permite que visitantes na Caiman Pantanal tenham a rara experiência de observar onças em seu habitat natural. Esse turismo ajuda a financiar as atividades de conservação e gera renda para as comunidades locais, demonstrando que a preservação da onça é um ativo econômico para a região.
O monitoramento intensivo do Onçafari utiliza armadilhas fotográficas e colares GPS/VHF, permitindo acompanhar os movimentos das onças e mapear áreas de uso. Em 2023, o projeto registrou 69 indivíduos, incluindo a primeira onça-preta (melânica) monitorada, chamada Guirigó, cujos hábitos alimentares e comportamentos no Cerrado têm fornecido dados valiosos.
Outro avanço significativo foi a reintrodução de Xamã, uma onça-pintada, no estado do Pará. Após meses de adaptação na Pousada Thaimaçu, onde desenvolveu habilidades como caça e defesa de território, Xamã foi finalmente liberado na Floresta Amazônica. Esse feito simboliza o compromisso do Onçafari em restaurar populações ameaçadas e reintegrar esses majestosos animais à vida selvagem.
O projeto também é reconhecido por seu trabalho de advocacy, promovendo políticas públicas e a criação de corredores ecológicos que asseguram a conectividade entre habitats, vital para a sobrevivência de espécies como a onça-pintada. Em 2023, o Onçafari liderou campanhas de conscientização contra atropelamentos e caça ilegal, ainda grandes ameaças à espécie.
Essas ações destacam a importância da onça-pintada para o equilíbrio ecológico dos biomas brasileiros. Sua presença regula populações de outras espécies, preserva a biodiversidade e promove a sustentabilidade dos ecossistemas. Proteger esse felino é garantir a integridade dos biomas e um legado ambiental para as futuras gerações.