O Uso da Telemetria nos Diversos Grupos Animais
Já discutimos anteriormente as tecnologias mais utilizadas em estudos de telemetria: GPS e VHF. O rastreamento via satélite emprega o sistema de posicionamento global para determinar com precisão a localização do animal. As localizações são registradas e podem ser posteriormente baixadas de diversas maneiras. Os sinais de rádio se propagam mais eficientemente pelo ar e água doce, sendo captados por meio de antenas e receptores VHF. A determinação da localização do animal através dos sinais VHF é realizada por meio de triangulação. Mas como ocorre o uso da telemetria em cada grupo de animais?
Em estudos de aves, a telemetria pode ser empregada para rastrear migrações, rotas de voo, locais de alimentação e nidificação. Dispositivos de telemetria podem ser implantados nos animais por meio de mochilas leves ou arneses fixados nas costas, frequentemente em formato de etiquetas. A escolha do modelo específico deve considerar o peso, para que a atividade das aves não seja afetada, uma vez que dispositivos muito pesados podem influenciar o comportamento das aves, especialmente durante o voo. Em alguns grupos, o uso de etiquetas pode ser complicado devido às características das espécies. Em psitacídeos, especialmente os de grande porte, a fixação de etiquetas pode ser desafiadora, visto que esses animais têm bicos fortes e podem danificar os dispositivos.
A telemetria em mamíferos terrestres tem diversos objetivos, incluindo a compreensão da área de vida, migrações, interações sociais, comportamento reprodutivo e seleção de habitat. Existem várias abordagens para implantar dispositivos nesse grupo, sendo um método comum a fixação de coleiras ou dispositivos similares no pescoço ou corpo dos animais. No entanto, é importante ressaltar que existem limitações em relação ao peso, tamanho e formato dos dispositivos. Deve-se observar a capacidade do animal de carregar o peso e verificar se o tipo de dispositivo é adequado à anatomia e aos hábitos do animal. Em animais com pescoços pouco definidos ou cabeças finas, como tamanduás, por exemplo, os dispositivos são fixados nos animais por meio de arneses. Para animais que pastam e precisam abaixar a cabeça com frequência, é importante considerar o tamanho do dispositivo para evitar que atrapalhe a alimentação.
Diversas abordagens são empregadas para a colocação de equipamentos de telemetria em animais aquáticos. Uma técnica comum envolve a fixação de etiquetas, tags ou implantes diretamente no corpo dos animais, permitindo o rastreamento de suas posições e atividades. Equipamentos como transmissores de rádio, unidades GPS e sensores de profundidade podem ser incorporados para coletar dados relevantes.
A telemetria em mamíferos marinhos, como baleias e focas, é complicada devido ao tamanho desses animais e aos seus comportamentos evasivos, que podem ser prejudicados pela fixação de dispositivos. Em ambientes de água doce, vegetação densa, estruturas subaquáticas e topografia complexa interferem na precisão dos sinais de telemetria, o que pode resultar em erros nas localizações registradas. Um desafio importante nos estudos de telemetria em animais aquáticos é o fato de que o GPS não funciona debaixo d’água. Existem algumas soluções para essa questão, como a fixação de dispositivos em boias amarradas ao corpo do animal, como é feito nos estudos de peixes-boi.
Também existem sistemas de aquisição rápida de localizações GPS desenvolvidos para animais marinhos que emergem brevemente à superfície. Essa tecnologia resolve o desafio de rastrear animais marinhos que têm curtos períodos de superfície, fornecendo dados precisos de localização e comportamento sem exigir que os animais permaneçam na superfície por longos períodos.
Em suma, os estudos de telemetria desempenham um papel crucial na compreensão das complexas interações entre os animais e seus ambientes. Ao permitir o rastreamento preciso dos movimentos, comportamentos e padrões de vida dos animais, essas tecnologias oferecem insights valiosos para a conservação, manejo e compreensão das espécies. Através das diversas abordagens e dispositivos mencionados, os pesquisadores podem desvendar segredos que antes eram inacessíveis, contribuindo assim para a preservação da vida selvagem e para a construção de estratégias eficazes de proteção ambiental.