Março: Celebrando as Mulheres na Ciência e na Conservação

O mês de março é um período de reconhecimento e celebração das conquistas das mulheres ao longo da história, e na ciência não poderia ser diferente. Muitas pesquisadoras tiveram – e ainda têm – papéis fundamentais na geração de conhecimento e na preservação do meio ambiente.
Seja em laboratórios, no campo ou atuando em ONGs, as mulheres contribuem imensamente para a compreensão e proteção dos ecossistemas. Mesmo enfrentando desafios como desigualdade de oportunidades e reconhecimento, suas descobertas e ações têm sido essenciais para o avanço da ciência e da conservação ambiental.
Entre as cientistas que marcaram a história, destacamos Bertha Lutz, pioneira na pesquisa de anfíbios no Brasil e uma das primeiras mulheres a ocupar cargos de destaque em instituições científicas do país. Bertha especializou-se em anfíbios e, em 1919, tornou-se secretária e pesquisadora do Museu Nacional do Rio de Janeiro, sendo a segunda mulher a integrar o serviço público brasileiro. Mais tarde, assumiu a chefia do Departamento de Botânica do Museu, onde permaneceu até sua aposentadoria, em 1964. Em 1965, recebeu o título de professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além de seu legado científico, Bertha também teve papel essencial na luta pelos direitos políticos das mulheres, sendo uma das principais vozes pela inclusão do voto feminino no Brasil.
Rachel Carson, que atuou principalmente nas décadas de 1950 e 1960, embora mais conhecida pelo impacto de seu livro Primavera Silenciosa, publicado em 1962, que denunciou os efeitos dos pesticidas, também foi uma grande bióloga marinha. Sua pesquisa e sua escrita ajudaram a moldar a legislação ambiental nos Estados Unidos e a reforçar a importância da proteção da natureza. Sua obra se tornou um marco para o surgimento do movimento ambientalista moderno, influenciando diretamente políticas públicas de conservação em diversas partes do mundo.
No Brasil, Lúcia Lohmann é referência mundial no estudo das plantas trepadeiras e tem contribuído para a compreensão da floresta amazônica e suas interações ecológicas. Seu trabalho tem sido crucial para entender como essas plantas afetam a estrutura da floresta e sua biodiversidade, sendo uma peça-chave para estratégias de conservação do bioma amazônico. Em 2021, foi nomeada Diretora Executiva da ATBC (Association for Tropical Biology and Conservation).
Outra cientista de destaque é a primatóloga brasileira Karen Strier, que dedicou sua carreira ao estudo e conservação do muriqui-do-norte, uma das espécies de primatas mais ameaçadas do mundo. Desde a década de 1980, Karen tem realizado estudos fundamentais sobre o comportamento e a ecologia desses primatas, contribuindo para sua proteção e a criação de unidades de conservação específicas para a espécie.
Na microbiologia, Ester Sabino, cientista brasileira, liderou a equipe que sequenciou o genoma do SARS-CoV-2 no Brasil em tempo recorde, em 2020. Seu trabalho foi fundamental para entender a disseminação do vírus e reforça a importância das mulheres na ciência, especialmente em momentos críticos para a saúde pública. Ester também tem grande atuação em estudos sobre doenças tropicais, como a dengue e a doença de Chagas, mostrando a importância da pesquisa nacional na saúde e na conservação ambiental.
Muitas mulheres se dedicam à conservação ambiental como voluntárias, participando do resgate e reabilitação de animais silvestres, do plantio de espécies nativas e do monitoramento da fauna. Além de contribuírem diretamente para a proteção dos ecossistemas, fortalecem redes de apoio e aprendizado entre profissionais e comunidades.
No Brasil, a presença feminina é essencial em iniciativas como o resgate de fauna em incêndios, projetos de restauração ecológica e programas de conservação. Seja no manejo de animais, na educação ambiental ou no engajamento comunitário, essas voluntárias impulsionam mudanças duradouras na relação da sociedade com a natureza.
No entanto, para que essa participação cresça, é fundamental garantir mais oportunidades, financiamento para pesquisas e reconhecimento do trabalho dessas profissionais. O financiamento de programas de voluntariado também é essencial para ampliar a participação feminina, oferecendo suporte, capacitação e incentivo para que mais mulheres possam se envolver em projetos científicos e de conservação.
Neste mês das mulheres, celebramos suas conquistas e incentivamos mais mulheres a seguirem esse caminho, contribuindo para um planeta mais equilibrado e biodiverso. Que o exemplo dessas cientistas e conservacionistas inspire novas gerações a atuar na preservação do meio ambiente e na construção de um futuro mais sustentável.