Manejo e contenção de animais em cativeiro

Manejo e contenção de animais em cativeiro

Equipamentos Essenciais para Manejo e Contenção de Animais em Cativeiro

Os animais mantidos em cativeiro desempenham papéis fundamentais, que variam conforme o local onde são acolhidos. Nos zoológicos, destacam-se atividades como a conservação ex situ (fora do habitat natural), a pesquisa científica e a educação ambiental, que fornecem ao público informações valiosas sobre a biodiversidade e a importância de sua preservação. Por outro lado, os Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) têm como foco principal a reabilitação de animais resgatados do tráfico, de maus-tratos ou de acidentes, preparando-os, sempre que possível, para a reintrodução em seus habitats naturais.

O manejo e a contenção de animais são atividades que demandam cuidado, conhecimentos técnicos especializados e o uso de equipamentos adequados. O manejo pode ser realizado por diversos motivos, incluindo exames de saúde, tratamentos veterinários, coleta de amostras biológicas, transporte para novos locais, bem como ações voltadas para educação e conservação. O foco principal dessas práticas deve ser  garantir a segurança tanto dos animais quanto dos profissionais envolvidos, além de minimizar o estresse durante os procedimentos. 

Cada espécie apresenta características únicas e mecanismos de defesa que influenciam diretamente a escolha das técnicas e equipamentos utilizados para garantir um manejo seguro. O Manual de Reabilitação de Animais Silvestres, do Instituto de Pesquisa Ecológicas (Ipê), oferece orientações sobre as melhores práticas para manejar diversas espécies de forma segura. De acordo com o manual, toalhas de tecido são recomendadas para capturar animais encurralados, ajudando a reduzir sua visão e promovendo um manejo mais seguro. Essas toalhas são especialmente úteis para aves de maior porte, evitando danos às suas penas e proporcionando maior controle durante o processo.

A escolha dos equipamentos e das técnicas de manejo são igualmente influenciadas pelas estratégias de defesa de cada animal. Passeriformes, como sabiás e canários, são pequenos e ágeis, utilizando a camuflagem e a fuga rápida como formas de proteção. Para essas espécies, puçás para aves são fundamentais para capturá-las sem causar danos ao corpo ou às penas. Já as aves de rapina, como gaviões e falcões, possuem garras afiadas e bicos poderosos que podem ser usados defensivamente, o que exige o uso de luvas de raspa e mantas de contenção para garantir a segurança tanto dos profissionais quanto dos próprios animais.

No caso das serpentes, recomenda-se o uso de pinção e ganchos herpetológicos, pois esses equipamentos permitem uma captura segura à distância, prevenindo o risco de ataques e garantindo que o animal seja manipulado com o mínimo de estresse e dano.

Primatas, como os bugios ruivos (Alouatta guariba) utilizam mordidas e arranhões como principais formas de defesa  e são conhecidos pela sua força e agilidade. Para o manejo desses animais, é essencial o uso de caixas de transporte reforçadas e puçás de rede, que permitem visualizar o animal e seu comportamento. Já os marsupiais, como os gambás de orelha branca (Didelphis albiventris), também se defendem com mordidas. Para estes, as caixas ventiladas e luvas de raspa são indicadas, além de métodos que minimizem o contato direto, garantindo a segurança e o bem-estar do animal durante o manejo.

Nos canídeos, como o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), a defesa é frequentemente baseada em mordidas poderosas e, em alguns casos, comportamentos cooperativos, especialmente em grupo. Para essas espécies, o cambão é uma ferramenta indispensável, pois permite a contenção à distância, garantindo a segurança do animal e dos profissionais. Além disso, o uso de caixas de transporte reforçadas é essencial para assegurar o controle durante o deslocamento dos animais. 

A valorização de ambientes como zoológicos e Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) é de extrema importância. A combinação do uso adequado de equipamentos, a capacitação técnica e a valorização de espaços de reabilitação de espécies nativas, como os CETAS, proporciona não apenas um manejo eficiente, mas também um ambiente mais saudável e enriquecedor para os animais. Esse cuidado conjunto fortalece a missão de conservação e reabilitação, respeitando a natureza dos animais e promovendo sua recuperação e adaptação a novos contextos.

Referência 

TEIXEIRA NETO, Cid. Manual de reabilitação de animais silvestres: planejamento, estruturas e equipamentos. Guia básico para agentes ambientais. 2019. (Mestrado em Conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável) - Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, São Paulo, 2020.