Dia da Mata Atlântica: a importância dos projetos de conservação no bioma.

Dia da Mata Atlântica: a importância dos projetos de conservação no bioma.

No dia 27 de maio, celebramos o Dia Nacional da Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos em biodiversidade e um dos mais ameaçados do mundo. Abrigando milhares de espécies de fauna e flora, muitas delas endêmicas, a Mata Atlântica é um verdadeiro patrimônio natural brasileiro. Com florestas densas e úmidas, onde predominam árvores como o jequitibá-rosa, a figueira, o cedro, além de inúmeras epífitas, bromélias e orquídeas. O bioma abriga uma biodiversidade impressionante: são mais de 20 mil espécies de plantas, das quais cerca de 8 mil são endêmicas, além de centenas de espécies de aves, mamíferos, répteis, anfíbios e invertebrados.

Seu clima é predominantemente tropical úmido, com altas temperaturas e elevados índices pluviométricos ao longo do ano. Essa combinação de calor e umidade favorece o crescimento de florestas densas, com copas sobrepostas e solos ricos em matéria orgânica. Por isso, a Mata Atlântica é considerada uma das florestas tropicais mais importantes do planeta em termos de serviços ecossistêmicos, como regulação do clima, proteção de nascentes e produção de água.

Mas toda essa riqueza está ameaçada. A urbanização, o desmatamento, a caça ilegal, o avanço da agropecuária e a introdução de espécies exóticas estão entre os principais fatores de degradação desse bioma. Entre os grupos mais impactados estão os primatas, que desempenham papel vital na regeneração natural da floresta por meio da dispersão de sementes.

É nesse contexto que surge o Projeto Primatas PERDidos, iniciativa que atua na conservação dos primatas do Parque Estadual do Rio Doce (PERD), o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica em Minas Gerais, com aproximadamente 36 mil hectares de área protegida. O parque abriga uma diversidade significativa de primatas, incluindo o bugio-ruivo (Alouatta guariba), o sauá (Callicebus nigrifrons), o macaco-prego (Sapajus nigritus), o sagui-caveirinha (Callithrix aurita), que está criticamente ameaçado no PERD devido à hibridização com espécies invasoras, e o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), o maior primata das Américas e também ameaçado de extinção.

O trabalho do projeto é essencial para monitorar essas populações, entender seus hábitos e propor estratégias de conservação. Já foram realizados levantamentos da população de saguis-caveirinha e da situação dos macacos-prego em áreas de uso público do parque, como a área de camping. Atualmente, o foco do trabalho está na população de muriquis-do-norte e bugios-ruivos, dois primatas que, além de ameaçados, exercem papel chave no equilíbrio ecológico da floresta. 

O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) se alimenta principalmente de frutos e percorre grandes distâncias, dispersando sementes por onde passa. Além disso, ele tem preferência por áreas de mata primária, com árvores altas, antigas e bem preservadas, o que o torna um indicador valioso da qualidade ambiental. Já o bugio-ruivo (Alouatta guariba) também é um importante dispersor e, como emite vocalizações potentes, ajuda a mapear sua distribuição a partir dos sons.

Para realizar os monitoramentos com precisão e sem causar estresse aos animais, o projeto utiliza drones com câmeras termais, uma tecnologia que permite detectar primatas mesmo nas copas mais altas e densas, sem a necessidade de contato direto. Isso é essencial não só para contar os indivíduos, mas também para identificá-los, como no caso dos muriquis, que podem ser reconhecidos por marcas específicas, como a despigmentação da face. Com essa abordagem, já foram estimados cerca de 207 muriquis e 25 bugios no parque.

A Log Nature tem orgulho em apoiar o Projeto Primatas PERDidos, uma iniciativa fundamental para a conservação dos primatas e da Mata Atlântica. Projetos como este são indispensáveis para manter o equilíbrio ecológico do bioma, assegurando a continuidade dos processos naturais e a sobrevivência das inúmeras espécies que dele dependem, inclusive a nossa. Proteger os primatas é preservar a integridade da floresta e contribuir para a conservação de um dos ecossistemas mais ricos e ameaçados do planeta.

Neste Dia da Mata Atlântica, reforçamos nosso compromisso com a preservação desse bioma essencial para o equilíbrio climático, a segurança hídrica e a biodiversidade do Brasil. Proteger os primatas é proteger também as florestas, as sementes, os ciclos naturais, e o nosso futuro.