Dia da Amazônia: SOS Amazônia destaca a importância do monitoramento de fauna para a conservação

A Amazônia ocupa cerca de 5,5 milhões de km² do território brasileiro, e abriga uma biodiversidade inestimável. Segundo levantamento realizado pela WWF Brasil e pelo Instituto Mamirauá, novas espécies são encontradas praticamente todos os dias na região. Entre 2014 e 2015, foram 381 espécies identificadas e catalogadas, entre elas plantas, peixes, anfíbios, mamíferos, répteis e aves.
Apesar de sua riqueza, o bioma sofre ameaças constantes. A destruição da floresta por queimadas ilegais e desmatamento, somada à poluição dos rios e à exploração desenfreada, compromete a biodiversidade e ameaça espécies que correm o risco de desaparecer antes mesmo de serem conhecidas pela ciência.
Para enfrentar esse cenário, a SOS Amazônia — uma das organizações selecionadas no edital anual da Log Nature para apoio a projetos de conservação — desenvolve o Projeto “Monitoramento de Fauna”. A iniciativa consiste na instalação de câmeras trap em pontos estratégicos da floresta para acompanhar e registrar a presença da fauna local. As armadilhas fotográficas permitem identificar as espécies que habitam cada área, além de gerar informações sobre abundância relativa e possíveis sinais de declínio populacional.
O coordenador do projeto, Luiz Borges, biólogo e doutor em Ecologia, destaca que a caça de caráter predatório e comercial exerce forte pressão sobre a fauna. “Hoje, a caça indiscriminada, somada à perda e fragmentação de habitat, está entre os principais fatores responsáveis pelo declínio populacional de diversas espécies da fauna amazônica”, explica.
O biólogo acrescenta que o monitoramento vai além do registro de presença. Ele permite identificar espécies-chave, aquelas que exercem funções ecológicas vitais, como predadores de topo ou dispersores de sementes, fundamentais para a manutenção do equilíbrio da floresta.
Entre as espécies monitoradas, a onça-pintada (Panthera onca) ocupa lugar de destaque. Como predador de topo da cadeia alimentar, exerce papel essencial na regulação do ecossistema, controlando populações de outras espécies e garantindo o equilíbrio natural.
Em 2024, o monitoramento registrou 37 espécies de mamíferos, entre eles porquinho-do-mato, cutia, paca e onça-vermelha, além de aves como o jacamim. Os registros ocorreram em áreas protegidas, como as Reservas Extrativistas (Resex) do Alto Juruá, do Alto Tarauacá e do Riozinho da Liberdade, no Acre, e na Floresta Nacional do Aripuanã, no Amazonas, reforçando a importância dessas unidades para a conservação da fauna local.
Esses dados são fundamentais para compreender a distribuição das espécies, avaliar seu status populacional e observar como respondem às pressões ambientais. Eles também subsidiam estratégias de conservação que buscam promover a coexistência sustentável entre fauna, floresta e populações locais.
Comunidades como protagonistas
Um dos grandes diferenciais do projeto está no envolvimento das comunidades locais. Os moradores atuam como agentes ambientais voluntários e têm papel ativo nas ações de campo. Eles são capacitados em rodas de conversa, oficinas e palestras que unem ciência e saberes tradicionais. Esse formato participativo fortalece a gestão territorial, promove educação ambiental e amplia o engajamento comunitário. Mais do que gerar dados científicos, o monitoramento se transforma em uma ferramenta de valorização cultural e de autonomia local.
A Log Nature tem orgulho de apoiar essa iniciativa, que fortalece a ciência aplicada à conservação e a integração entre tecnologia, pesquisa e participação social. Acreditamos que projetos como este mostram o caminho para uma conservação mais efetiva, que nasce da floresta e é construída com as comunidades que nela vivem.
Hoje, muitos mamíferos de médio e grande porte, assim como diversas aves, ainda enfrentam forte pressão da caça. Em muitos territórios, essa prática é tradicional, mas quando ultrapassa os limites da subsistência e assume caráter comercial, ameaça o equilíbrio ecológico. Por isso, iniciativas de monitoramento e conservação, como a da SOS Amazônia, são essenciais para proteger a biodiversidade da floresta.
O projeto mostra que cuidar das espécies significa também preservar o equilíbrio de todo o ecossistema. E, no Dia da Amazônia, reforçamos a importância de valorizar e apoiar ações que mantêm viva essa riqueza incomparável.
Colaboração especial
Este texto foi elaborado em parceria com o Instituto SOS Amazônia, apoiado pelo nosso programa de incentivo a projetos de conservação. Agradecemos ao Luiz Borges, coordenador do projeto de Monitoramento de Fauna na SOS Amazônia, pela dedicação à preservação da fauna e pelo compartilhamento de conhecimentos que inspiram nosso compromisso com a conservação.